A abertura do Centro Logístico de Alfena, em setembro de 2017, constituiu “um marco crucial para a qualidade e eficiência” das operações do Pingo Doce e do Recheio. Pouco mais de um ano depois deste lançamento, o diretor de Logística e Supply Chain da Jerónimo Martins, José Luís Teixeira, adianta, em entrevista, que a operação evoluiu de uma forma “sustentada e mais célere do que o inicialmente previsto”, traçando um “balanço extremamente positivo” em termos “dos principais indicadores de custos e produtividade”, principalmente no que respeita “melhoria do serviço às lojas, disponibilidade de produto, capacidade de resposta e pontualidade de entrega”.
O lançamento do Centro Logístico de Alfena, a 27 de setembro de 2017, em Valongo (Porto), permitiu ao grupo Jerónimo Martins reorganizar toda a rede logística a norte, para garantir a máxima eficiência nas entregas às lojas Pingo Doce e Recheio.
Em 2014, o grupo havia iniciado um processo de reorganização e centralização da sua operação logística em Portugal, com a abertura de um centro logístico para abastecer a região sul, localizado em Algoz, no concelho de Silves. Este investimento, na ordem dos 30 milhões de euros, permitiu dinamizar uma zona bastante desertificada.
No ano passado, e depois de uma obra de grande envergadura que implicou um ano de avaliação de impacto ambiental e projeto e cerca de dois anos de construção, durante os quais foram movimentados cerca de três milhões de metros cúbicos de terras, a abertura do Centro Logístico de Alfena, com um investimento total de 75 milhões de euros, constituiu mais um marco decisivo “da estratégia global de redesenho e modernização” da rede logística da Jerónimo Martins em Portugal continental.
Cerca de um ano e três meses depois da inauguração da plataforma de Alfena, o “maior e mais moderno” centro logístico do grupo, o diretor de Logística e Supply Chain da Jerónimo Martins, explica, em entrevista à revista LOGÍSTICA & TRANSPORTES HOJE, como a eficiência da operação logística é fundamental para garantir o sucesso e o crescimento das diversas companhias do grupo.
Relativamente à consolidação da rede logística a sul e a norte, com o lançamento das plataformas de Algoz e de Alfena, “cada um destes passos levou a uma redefinição das fronteiras de distribuição das regiões e das estratégias de abastecimento”, defende José Luís Teixeira. Nas suas palavras, “considerando a envergadura destes investimentos e o seu impacto nos modelos de trabalho, bem como a realidade muito dinâmica do negócio do retalho, o processo tem sofrido uma adaptação e ajuste contínuo”. E que deverá evoluir para a construção de uma nova plataforma logística (semelhante à de Alfena) para a região Centro, previsivelmente em Castanheira do Ribatejo, de acordo com as últimas declarações do presidente do Conselho de Administração da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos.
Que operações permite atualmente o Centro Logístico de Alfena que, à data do lançamento, contava com 300 fornecedores por dia, abastecendo 200 lojas Pingo Doce e Recheio?
A abertura do Centro Logístico de Alfena constituiu um marco crucial para a qualidade e eficiência das operações do Pingo Doce e do Recheio.
Em concreto, este centro permite a distribuição dos artigos de temperatura ambiente (Mercearia, Bebidas e Produtos não alimentares), Frutas e Vegetais e Bacalhau e Peixe Fresco a todas as lojas Pingo Doce e Recheio situadas a norte da Figueira da Foz (inclusive), bem como a gestão da cadeia de logística inversa das mesmas.
Que balanço faz destas operações face aos objetivos iniciais, nomeadamente ao nível do armazém de secos/não perecíveis (que arrancou com 24 mil paletes nas operações Just in Time e Stock), e do armazém de frescos (com 1.300 a 1.500 paletas expedidas por dia)?
O balanço é extremamente positivo em termos dos principais indicadores de custos e produtividade, tendo a operação evoluído de forma sustentada e mais célere do que inicialmente previsto. Mas, e principalmente, em termos de melhoria do serviço às lojas, de disponibilidade de produto, de capacidade de resposta e de pontualidade de entrega.
O que representa o movimento de 500 camiões/dia e a existência de 170 cais de carga em Alfena para a rede logística da Jerónimo Martins, cuja eficiência é “fundamental para garantir o crescimento das diversas companhias do grupo”?
A operação norte, que além do centro de Alfena inclui ainda o polo de Vila do Conde (congelados e refrigerados), representa cerca de 40% do volume total de trabalho da rede centralizada do grupo Jerónimo Martins em Portugal Continental. A grande disponibilidade de cais desta unidade garantiu uma maior eficiência nas nossas operações de f luxo tenso, permitindo um maior grau de consolidação de cargas, o que simplifica o trabalho das próprias lojas a montante.
Reorganização e centralização
Como evoluiu o processo de reorganização e centralização da operação logística iniciada em 2014, com o Centro Logístico de Algoz até à abertura desta grande estrutura em Valongo?
As aberturas dos centros logísticos de Algoz e Alfena são dois marcos importantes da estratégia global de redesenho e modernização da rede logística no território continental. Cada um destes passos levou a uma redefinição das fronteiras de distribuição das regiões e das estratégias de abastecimento. Considerando a envergadura destes investimentos e o seu impacto nos modelos de trabalho, bem como a realidade muito dinâmica do negócio do retalho, o processo tem sofrido uma adaptação e ajuste contínuo, de forma a adequar-se a esta dinâmica.
Que contributo dá o Centro de Alfena, onde trabalham cerca de 750 pessoas (entre colaboradores internos e externos), para a empregabilidade na região norte do País?
Consideramos que a operação logística da Jerónimo Martins já seria um empregador de referência na região norte antes do início das operações do Centro Logístico de Alfena. Naturalmente, e além de ter incrementado o número de colaboradores diretos e indiretos, a abertura deste centro veio trazer um polo importante de emprego para uma zona, Valongo, onde, tanto quanto sabemos, a oferta nesta área seria bastante reduzida. Esta perceção tem-nos sido confirmada pelos contactos com as entidades oficiais, que melhor que ninguém podem fornecer dados mais concretos.
Que soluções de tecnologia eficientes e sustentáveis, como iluminação LED e painéis solares, destaca nesta plataforma logística?
O desenho de todo o entreposto logístico de Alfena foi já efetuado com a preocupação de garantir sustentabilidade e minimizar os impactos da operação logística. Essa preocupação existiu desde o desenho dos edifícios e soluções de iluminação até à forma como se tratam os resíduos, as águas e o gelo de conservação.
Com o objetivo de reduzir o consumo de água e de energia, foram instaladas as seguintes tecnologias no Centro de Distribuição: painéis solares térmicos para aquecimento de águas quentes sanitárias (creche e balneários); 100% das armaduras de iluminação com recurso à tecnologia LED; sistemas de comando e regulação de fluxo luminoso da iluminação em função da deteção de presença e/ou luminosidade exterior; recuperação de calor do sistema de extração de fumos da cantina para climatização de ar insuflado para o interior da cozinha; e aproveitamento de águas pluviais no armazém de devoluções para utilização, por exemplo, no sistema de rega exterior.
Este projeto permite aumentar a eficiência energética, obtendo reduções de cerca de 30% no consumo de energia face a uma tecnologia comum, bem como contribuir para poupanças de água da ordem dos 1.700 metros cúbicos.
De que modo se integra o edifício social e a creche e infantário gratuitos desta estrutura na política de Responsabilidade Social da Jerónimo Martins?
A política de Responsabilidade Social Interna, que se materializa no apoio aos colaboradores e às suas famílias, faz parte da estratégia do Grupo Jerónimo Martins. Atuando nas áreas específicas da Saúde, Educação e Bem-Estar Familiar, os diferentes programas implementados têm permitido reforçar o apoio ao mais importante ativo de Jerónimo Martins: as pessoas.
Em que medida está a contribuir este Centro Logístico para os objetivos de expansão internacional do grupo, e em que países, para além da presença que já têm na Polónia e Colômbia?
Ainda que algumas das soluções estruturais implementadas em Alfena, como anteriormente em Algoz, tenham servido de inspiração para o desenvolvimento dos novos centros nos outros países, a realidade e os formatos aí operados são substancialmente diferentes dos presentemente desenvolvidos em Portugal, pelo que não existe relação direta entre essas realidades.
Atualmente, as nossas mais de 3.800 lojas estendem-se por mais de 10 mil quilómetros, entre a Colômbia, Portugal e Polónia.
Centro Logístico de Alfena em números
* 450 colaboradores
* + 300 pessoas externas (segurança, limpeza e motoristas)
* 300 fornecedores/dia
* Cerca de 200 lojas Pingo Doce e Recheio
* 24h seis dias por semana
* Área total: 100 mil m2
* Área coberta: 70 mil m2
* Movimento de camiões: 500 camiões / dia
* N.º de cais de carga: 170
* Armazém de secos/não perecíveis: 43 mil m2
* 270 colaboradores / três turnos
* 24 mil paletes em 2 operações: Just in Time e Stock
* Armazém de frescos: 10 mil m2
* 1300 a 1500 paletes expedidas por dia
* 75 colaboradores / três turnos /24h/seis dias por semana
* Operação peixe fresco: 4500 m2
* 27 colaboradores / três turnos
* Armazém de bacalhau: duas câmaras gémeas de 2 mil m2 capacidade para 2400 paletes
* 16 colaboradores / dois turnos
* Refeitório: 160 lugares e horários compatíveis com os diferentes turnos
* Creche/infantário gratuito: capacidade para 80 crianças dos 0 aos 5 anos. Funciona de segunda a sábado das 6h45 às 19h
* Soluções de tecnologia eficientes e sustentáveis, nomeadamente, iluminação Led e painéis solares
Do Chiado à Colômbia
Com 225 anos de história, a multinacional do ramo alimentar com sede em Portugal e operações em outros dois países (Polónia e Colômbia), emprega hoje mais de 100 mil pessoas. Cotado na Euronext Lisboa, o grupo tem como principal atividade a Distribuição Alimentar, através das cadeias de supermercados (422 lojas Pingo Doce) e cash & carry (43 lojas Recheio), detendo ainda, no nosso país, as cadeias de retalho especializado Hussel e Jeronymo. Na Polónia, o grupo lidera o retalho alimentar com a cadeia de lojas de proximidade Biedronka e, na Colômbia, está a expandir o parque de lojas Ara. Em todos os mercados, as insígnias “assentam as suas propostas de valor no binómio elevada qualidade a preços competitivos”, o que tornou o grupo no 19.º maior retalhista na zona euro, de acordo com o “Global Powers of Retailing”, um estudo da consultora Delloitte e da revista norte-americana Stores.
Apostando num crescimento rentável e sustentável, a Jerónimo Martins integra alguns dos principais índices de sustentabilidade internacionais (FTSE RUSSELL, FTSE4GOOD Global índex e FTSE4GOOD Europe index), assentando o seu compromisso em cinco pilares de atuação prioritária: Promover a Saúde pela Alimentação; Ser um Empregador de Referência; Apoiar as Comunidades Envolventes; Comprar com Responsabilidade; e Respeitar o Ambiente.
FONTE: Revista Logistica & Transportes Hoje