O investigador da Universidade Católica do Porto Eduardo Luís Cardoso, coordenador do programa de pré-aceleração BIOTECH_agrifood Innovation, considera que as políticas públicas atuais têm favorecido a relação entre as universidades e a indústria.
Além dos projetos conjuntos que esta relação proporciona, o investigador acredita que, "devido à necessidade de competir em mercados mais abertos, as empresas têm apostado em dinâmicas de inovação", tendo, igualmente, uma "maior predisposição para investir em projetos de investigação".
Eduardo Luís Cardoso falava à agência Lusa sobre o papel que a faculdade tem na transferência de inovação para a indústria, a propósito do anúncio dos vencedores da 2.ª edição do programa de pré-aceleração BIOTECH_agrifood Innovation, do qual é coordenador, agendado para 09 de fevereiro.
"Temos recursos humanos qualificados, agora era preciso que essa qualificação se traduzisse em valor acrescentado nos mercados, através das empresas", indicou.
Para o investigador, outra das medidas que devem ser incentivadas é a atração de empresas internacionais para projetos em parceira, aproveitando, dessa forma, os profissionais que existem em Portugal.
Eduardo Luís Cardoso coordena o BIOTECH_agrifood, criado pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto (ESB-UCP), com o apoio da associação Portugal Foods, da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) e do Norte2020, que visa selecionar ideias inovadoras para o setor agroalimentar e apoiar a sua transformação em projetos de negócio.
Neste programa "apelamos a que os grupos tragam resultados da investigação que desenvolveram e proponham projetos de negócio, que apontem para a valorização desses mesmos resultados", explicou o investigador.
Apoiados por mentores, os grupos são apresentados à indústria, a investidores e "a pessoas que possam identificar formas de valorizar os resultados de investigação e de os transformar em produtos relevantes para a sociedade", continuou.
Eduardo Luís Cardoso contou que, em cada edição, são selecionadas seis equipas, que concorrem às duas categorias de prémios - "+inovação" e "+potencial" -, nos quais podem receber dois mil euros.
De acordo com o coordenador, todos os projetos que participam no programa chegam à fase de protótipo, havendo equipas que recebem financiamento da universidade, relativamente à propriedade intelectual, conseguindo assim registar a patente do seu produto.
"A ESB tem tido um registo interessante em termos de projetos de colaboração com a indústria. Neste momento, decorre uma série de projetos do género, orientados para o melhoramento ou desenvolvimento de produtos, que, se forem bem-sucedidos, vão corresponder a ganhos em várias áreas", referiu o investigador.
No âmbito da ESB têm sido desenvolvidos produtos como frutas desidratadas, utilizando frutas que não entram nas cadeias de valor tradicionais, bem como alimentos para a indústria conservaria, como conservas enriquecidas com diferentes componentes bioativos e nutrientes.
Outros exemplos, continuou Eduardo Luís Cardoso, são os ingredientes para a indústria dos lacticínios, como iogurtes, e a aposta em produtos tradicionais, como os enchidos.
FONTE: Diário de Noticias